Moraceae

Brosimum potabile Ducke

Como citar:

Gláucia Crispim Ferreira; undefined. 2020. Brosimum potabile (Moraceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

LC

EOO:

2.067.435,098 Km2

AOO:

140,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Ribeiro e Pederneiras, 2020), com distribuição: Acre, município de Rodrigues Alves e Tarauacá; Amazonas, município de Careiro, Fonte Boa, Humaitá e Manaus; Mato Grosso, município de Aripuanã e Sinop; Pará, município de Belterra, Faro, Melgaço, Oriximiná, Santarém, Brasil Novo, Faro, Santarém e Tucuruí; Rondônia, Município de Chupinguaia, Jaru e Porto Velho.

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2020
Avaliador: Gláucia Crispim Ferreira
Revisor:
Categoria: LC
Justificativa:

Árvore endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020). Popularmente conhecida por amapá e guariúba-da-folha-miúda no Amazonas, amapá doce, leiteira, foi coletada em Campinarana, Floresta de Terra-Firme e Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial) associadas a Amazônia nos estados do Acre, Alagoas, Amazonas, Pará e Rondônia. Apresenta distribuição ampla, EOO=2220757 km², constante presença em herbários, inclusive com coleta recente, e ocorrência confirmada dentro de limites de Unidade de Conservação e em áreas onde ainda predominam na paisagem extensões significativas de ecossistemas florestais em estado prístino de conservação. A espécie ocorre em múltiplas fitofisionomias na maior parte das localidades em que foi registrada. Adicionalmente, não existem dados sobre tendências populacionais que atestem para potenciais reduções no número de indivíduos maduros, além de não serem descritos usos potenciais ou efetivos que comprometam sua perpetuação na natureza. Assim, foi considerada como Menor Preocupação (LC), demandando ações de pesquisa (distribuição, tendências e números populacionais) a fim de se ampliar o conhecimento disponível e garantir sua sobrevivência na natureza.

Último avistamento: 2014
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Desconhecido

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em: Archivos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro 3: 26. 1922. Popularmente conhecida como amapá e guariúba-da-folha-miúda no Amazonas, amapá doce, leiteira (Ribeiro e Pederneiras, 2020). As informações da espécie foram validadas pelo especialista através do questionário (Leandro Cardoso Pederneiras, comunicação pessoal, 2020).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido valor econômico da espécie.

População:

Flutuação extrema: Desconhecido
Detalhes: A frequência dos indivíduos na população global pode ser considerada rara (Leandro Cardoso Pederneiras, comunicação pessoal, 2020).

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Longevidade: perennial
Biomas: Amazônia
Vegetação: Campinarana, Floresta de Terra-Firme, Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial)
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest, 3.6 Subtropical/Tropical Moist Shrubland
Detalhes: Árvore com até 35 m de altura. Ocorre na Amazônia, em Campinarana, Floresta de Terra Firme e Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial) (Ribeiro e Pederneiras, 2020).
Referências:
  1. Ribeiro, J.E.L.S., Pederneiras, L.C., 2020. Brosimum. Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. URL http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB19708 (acesso em 19 de maio de 2020).

Ameaças (8):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.3.3 Agro-industry grazing, ranching or farming habitat past,present,future national very high
A floresta amazônica perdeu 17% de sua cobertura florestal original, 4,7% somente entre 2000 e 2013, principalmente devido à atividades oriundas da pecuária extensiva (Charity et al., 2016). O aumento do desmatamento entre 2002-2004 foi, principalmente, resultado do crescimento do rebanho bovino, que cresceu 11% ao ano de 1997 até o nível de 33 milhões em 2004, incluindo apenas aqueles municípios da Amazônia com florestas de dossel fechado compreendendo pelo menos 50% de sua vegetação nativa (Nepstad et al., 2006). Segundo Nepstad et al. (2006) a indústria pecuária da Amazônia, responsável por mais de dois terços do desmatamento anual, esteve temporariamente fora do mercado internacional devido a presença de febre aftosa na região. Contudo, o status de livre de febre aftosa conferido a uma grande região florestal (1,5 milhão de km²) no sul da Amazônia seja, talvez, a mudança mais importante que fortaleceu o papel dos mercados na promoção da expansão da indústria pecuária na Amazônia (Nepstad et al., 2006).
Referências:
  1. Nepstad, D.C., Stickler, C.M., Almeida, O.T., 2006. Globalization of the Amazon Soy and Beef Industries: Opportunities for Conservation. Conserv. Biol. 20, 1595–1603. https://doi.org/10.1111/j.1523-1739.2006.00510.x
  2. Charity, S., Dudley, N., Oliveira, D., Stolton, S., 2016. Living Amazon Report 2016: A regional approach to conservation in the Amazon. WWF Living Amazon Initiative, Brasília and Quito.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 1.1 Housing & urban areas habitat past,present,future regional high
O crescimento urbano de Manaus foi o maior da região Norte, sendo considerada hoje o 12º maior centro urbano do país, e uma metrópole regional, com 1.644.690 habitantes. Nos últimos dez anos, Manaus, foi dentre os municípios mais populosos do Brasil, o que apresentou a maior taxa média geométrica de crescimento anual (Nogueira et al., 2007)
Referências:
  1. Nogueira, A.C.F., Sanson, F., Pessoa, K., 2007. A expansão urbana e demográfica da cidade de Manaus e seus impactos ambientais, in: Anais Do XIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto. INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Florianópolis, pp. 5427–5434.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.1.4 Scale Unknown/Unrecorded habitat past,present,future regional high
Os principais impactos ambientais resultantes das atividades econômicas desenvolvidas na região de Rodrigues Alves (AC) são negativos: aumento do desmatamento em função da ampliação das atividades agriculturais e pecuárias a partir da redução das atividades extrativistas, além de corte seletivo (legal e ilegal) de madeira, e um consequente aumento no fluxo migratório para a região, que pode implicar em aumento das pressões em futuro próximo (IBAMA, 2002).
Referências:
  1. IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 2002. Plano de Manejo do Parque Nacional da Serra do Divisor. URL http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/docs-planos-de-manejo/parna_serra_divisor_diagnostico.pdf
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.3.3 Agro-industry grazing, ranching or farming habitat past,present,future regional very high
Em poucos municípios rondonienses a pecuária não se expandiu entre os anos de 2001 e 2006. Estes poucos municípios se localizam no sul do estado. Em grande parte do estado houve expansão do rebanho bovino, de maneira particularmente acelerada em uma faixa que se estende pelas microrregiões de Vilhena, Cacoal, Ji-Paraná, Ariquemes e Porto Velho, onde houve aumento superior a 50 cabeças/ km2 (Oliveira et al., 2008). No município de Humaitá (AM), onde a espécie é encontrada, a agricultura familiar vem cedendo lugar a grandes propriedades dedicadas a atividade pecuária (Macedo e Teixeira, 2009). No município tem criação de gado, porcos, galinhas, patos e carneiros. (Baraúna, 2009)
Referências:
  1. Oliveira, S.J. de M., Abreu, U.G.P. de, Valentim, J.F., Barioni, L.G., Salman, A.K.D., 2009. Pecuária e desmatamento: mudanças no uso do solo em Rondônia, in: SOBER (Ed.), 47° Congresso Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural. Porto Alegre, p. 13.
  2. Baraúna, G.M.Q., 2009. As políticas governamentais que afetam as “comunidades ribeirinhas” no município de Humaitá-AM no rio Madeira, in: Almeida, A.W.B. de (Ed.), Conflitos Sociais No “Complexo Madeira.” Manaus.
  3. Macedo, M.A. de, Teixeira, W., 2009. Sul do Amazonas, nova fronteira agropecuária? O caso do município de Humaitá, in: Anais XIV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Natal RN. INPE, Natal, pp. 5933-5940.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.3.4 Scale Unknown/Unrecorded habitat past,present,future regional very high
O desmatamento no município de Humaitá caracteriza-se pela sua concentração no entorno das rodovias Manaus - Porto Velho e transamazônica. Esses eixos rodoviários concentram espacialmente as principais atividades econômicas como a agricultura, a pecuária e a exploração madeireira que, embora em menor intensidade, também se desenvolvem em torno do rio Madeira e seus afluentes (Macedo e Teixeira, 2009). Na agricultura, as famílias geralmente têm seus roçados, plantam mandioca, milho, banana, melancia, macaxeira, cacau, cana e outros (Baraúna, 2009).
Referências:
  1. Macedo, M.A. de, Teixeira, W., 2009. Sul do Amazonas, nova fronteira agropecuária? O caso do município de Humaitá, in: Anais XIV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Natal RN. INPE, Natal, pp. 5933-5940.
  2. Baraúna, G.M.Q., 2009. As políticas governamentais que afetam as "Comunidades ribeirinhas" no município de Humaitá-AM No rio Madeira.Complexo madeira, 293.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 3.2 Mining & quarrying habitat past,present,future regional high
No município de Humaitá, o garimpo do ouro representa uma boa parte da renda que garante a sobrevivência de muitos e é uma prática presente há anos nas famílias que vivem nas comunidades ribeirinhas da região (Baraúna, 2009). A exploração do ouro é feita ilegalmente e com uso de mercúrio.
Referências:
  1. Baraúna, G.M.Q., 2009. Análise das Políticas Governamentais definidas para a Região do Rio Madeira e seus efeitos sobre a pesca artesanal. Universidade Federal do Amazonas. Dissertação de Mestrado. Instituto de Ciências Humanas e Letras Programa de Pós-Graduação em Sociologia. Manaus - Amazonas.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.3 Indirect ecosystem effects 5.2.4 Motivation Unknown/Unrecorded habitat past,present regional high
A exploração desordenada de madeira, animais e a formação de enormes campos para agricultura e a pecuária, fizeram com que muitas espécies vegetais sumissem da região de Humaitá (IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2013).
Referências:
  1. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2013. Humaitá. IBGE Cid. URL https://cidades.ibge.gov.br/brasil/am/humaita/panorama (acesso em 24 de agosto de 2013).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.3 Indirect ecosystem effects 9.1.1 Sewage habitat past,present,future regional high
A crescente expansão demográfica e industrial nas últimas décadas, devido à implantação da Zona Franca de Manaus, trouxe impactos ambientais à região. Como principal consequência o comprometimento das águas da bacia do Rio Tarumã-Açu por despejos de esgotos domésticos e industriais, restos de animais, detergentes, desinfetantes, erosão, lixo e detritos que são jogados, dentre outros (Melo, 2002).
Referências:
  1. Melo, E.G. de F., Franken, W.K., 2002. Estudo Físico-Químico nas Águas da Bacia do Rio Tarumã-Açu. XI Jornada de Iniciação Científica do PIBIC/INPA. Manaus-Am. URL https://repositorio.inpa.gov.br/bitstream/1/4244/1/pibic_inpa.pdf

Ações de conservação (3):

Ação Situação
5.1.2 National level on going
A espécie ocorre em Porto Velho (RO), município da Amazônia Legal considerado prioritário para fiscalização, referido no Decreto Federal 6.321/2007 (BRASIL, 2007) e atualizado em 2018 pela Portaria MMA nº 428/18 (MMA, 2018).
Referências:
  1. BRASIL, 2007. Decreto Federal nº 6.321, de 21 de dezembro de 2007. Diário Oficial da União, 21/12/2007, Edição Extra, Seção 1, p. 12. URL http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6321.htm (acesso em 22 de julho de 2020).
  2. MMA - Ministério do Meio Ambiente, 2018. Portaria MMA nº 428, de 19 de novembro de 2018. Diário Oficial da União, 20/11/2018, Edição 222, Seção 1, p. 74. URL http://http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/50863140/do1-2018-11-20-portaria-n-428-de-19-de-novembro-de-2018-50863024 (acesso em 22 de julho de 2020).
Ação Situação
5.1.2 National level needed
A espécie ocorre em território que poderá ser contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF Pró-Espécies - Todos Contra a Extinção: Território Vitória do Xingu - 2 (PA).
Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie foi registrada na seguinte Unidade de Conservação: Área de Proteção Ambiental Margem Esquerda do Rio Negro-Setor Aturiá-Apuauzinho (US).

Ações de conservação (2):

Uso Proveniência Recurso
1. Food - human natural sap
O látex é usado como bebida (Leandro Cardoso Pederneiras, comunicação pessoal, 2020).
Uso Proveniência Recurso
10. Wearing apparel, accessories natural stalk
É utilizado para carpintaria, construção leve, pisos, móveis, compensados, aglomerados, painéis de fibras, papel e molduras (Tropical Plants Database, 2020).
Referências:
  1. Tropical Plants Database, 2020. Brosimum potabile. Ken Fern. tropical.theferns.info. URL tropical.theferns.info/viewtropical.php?id=Brosimum+potabile (acesso em 19 de maio de 2020).